Aquela estufa especial guardava a sua inestimada coleção de demônios já esquecidos pelo tempo e pela História. Todos se encontravam devidamente selados em potes de vidro. Durante toda a sua vida, ele teve o trabalho de caçar e encarcerar sozinho a maioria destes. Algumas vezes, mas só em raras exceções, ele tratou de negociá-los diretamente com seus donos. Sabia que a maioria dos proprietários eram muito apegados aos seus demônios interiores e só concordavam em repassá-los por um preço muito alto ou pela barganha de outro similar. No fim do dia, ele também cumpria um ritual quase que religioso: retirava os sapatos, acendia um charuto e ficava, de pé, admirando as espécimes roçando os vidros com as unhas, impassivos, desejando liberdade. Se sentia poderoso por isso. Ele se via, praticamente, como o paralelo de Pandora.
A fumaça que saía de sua boca sempre embaçava as paredes de vidro ao seu redor.
Maneiríssimo! Deu pra sentir-se entre os potes e seus demonicamente humanos conteúdos… :- )
Me vi de volta à infância, na roda de contos na casa de minha avó! Que os vidros não se quebrem jamais! rs
Obrigada F.L.,
Bjs
Uau, que poder incrível ele tem nas mãos.
Conto merecedor de continuação, sr. Latrão.
Incrivelmente mórbido e intrigante :D
Pensarei sobre isso!
Eu sou minha própria peste.