Todo dia

Todo dia a gente se mata violentamente. Começa logo ao amanhecer. Enfiamos as unhas em nossas órbitas oculares e penetramos com a mão na cavidade até o antebraço. De lá arrancamos uma coisa frágil que a gente aperta até sufocar. Todo dia a gente oculta esse cadáver. Todo dia a gente remove corpos insepultos de nós. Todo dia. Tudo sempre na chance de, lá na frente, a gente se parir de novo.

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